«Metade da vida dele é isto. Serra, vale, a esperança de ver uma águia-real no céu da Peneda-Gerês. Águia-real, como um sonho do fundador do FAPAS - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens. Ver reconhecida a verdadeira importância da biodiversidade do nosso único parque nacional». Escreveu sobre ele, o jornalista Abel Coentrão (Fugas, Público, 24 de Março de 2012).
Anos e anos a explorar o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), conhece-o como haverá poucos, dedicando grande parte da sua vida a acompanhar as águias-reais, a natureza, a vida selvagem desta área protegida.
Engenheiro electrotécnico, trabalhou em multinacionais do ramo da produção de energia durante duas décadas e meia, até que o passatempo se transformou na sua actividade principal, em 2009, deixando para trás algo gerador de alguns conflitos com os seus ideais e a sua paixão. Concentrou-se na escrita, baseada na recolha documental, também fotográfica, que continua a acumular, embrenhando-se serras adentro, quase sempre só, percorrendo quilómetros e quilómetros sem fim, tornando públicos os conteúdos de centenas de páginas de notas trazidas do campo.
A sua ligação ao PNPG vem desde pequeno. Numa dessas já distantes abordagens, no banco de trás do carro dos pais, chegou pela primeira vez às Minas dos Carris, por uma pista florestal que nos dias de hoje é um trilho por vezes estreito e pedregoso, onde só se circula a pé, com dificuldade e mediante autorização, uma vez que atravessa áreas de acesso condicionado pela sua elevada importância para a conservação. Desses tempos da adolescência ficou-lhe o prazer imenso de calcorrear o Gerês. Depois, veio o interesse e o reconhecimento da necessidade de intervir pela conservação da natureza.
Esteve entre a trintena de pessoas que deu origem à Quercus, em meados de 1980 e dez anos mais tarde foi um dos fundadores do FAPAS.
À dezena de volumes de anotações das mais de mil caminhadas que já conta por vales remotos e encostas escarpadas do PNPG, juntam-se milhares de fotografias e de vídeos registos de um património natural, algum entretanto perdido e outros «tesouros» dos quais se destaca uma estimada coleção de penas das suas últimas águias-reais. Mantém uma presença regular no terreno que de longe a longe ainda lhe concede momentos que perduram, inesquecíveis. Como em 20 de fevereiro de 1999, quando avistou as cabras-montês, Capra pyrenaica e foi o primeiro a dar a notícia do regresso ao território de uma espécie que se encontrava extinta há cerca de cem anos. No seu caderno de campo escreveu emocionado nessa altura: «…o binóculo desfaz, historicamente, a dúvida. São 14h50. A cabra-montês está de volta a Portugal! O Gerês não me parece o mesmo! Um reixelo (macho adulto), uma fêmea e uma cria pastam em liberdade no Parque Nacional da Peneda Gerês!».
Com o lobo, animal que tanto inspira INDAGATIO, soma inúmeros encontros. Cruzamentos de percursos geram troca de olhares e de «conversas». Diálogos selvagens que são uma das mais intensas motivações para continuar a trilhar a Peneda-Gerês.
É o representante nacional das ONGA´s (organizações não governamentais de ambiente) no Conselho Estratégico do Parque Nacional da Peneda-Gerês e no Conselho Consultivo de Cooperação da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.
É colaborador permanente do jornal GERESÃO (publicação mensal sobre os concelhos de Amares, Vieira do Minho, Terras de Bouro e Lobios)
É cronista residente da revista on-line WILDER Rewilding your days..
É um dos coordenadores do movimento Aliança pela Floresta Autóctone.
Sobre o PNPG escreve artigos de opinião, participa em debates, dá entrevistas, transmitindo sempre a sua vivência no território.
É por isso que ele também é um embaixador da INDAGATIO.
Miguel Dantas da Gama gere a página CANHÕES DE PEDRA
CANHÕES DE PEDRA – Estudos em Ecossistemas da Montanha, é uma marca registada criada em 1988 para publicação da sua escrita.